Como tudo começou…
Relato do Professor Alexandre Menahem Gottfried, primeiro presidente da Associação, sobre a história da ATPIESP
Os tradutores, antigamente, viviam separados. Não havia diálogo, nem entrosamento. Durante 40 anos, nem uma só ação conjunta foi executada, à exceção de uma proposta para alteração da Tabela em janeiro de 1961 e para isso foi necessário redigir um abaixo-assinado e, individualmente, colher assinaturas. A Tabela em vigor datava de 1957 e seu valor mínimo era 150 cruzeiros-velhos. Foi alterada para 300 cruzeiros. Nesse mesmo mês de janeiro, fora aberta inscrição para admissão de novos tradutores. Eu, que me informara a respeito da profissão com o colega Bauman, concorri e, nas provas de junho de 1961 classifiquei-me em 4 idiomas. Mas, nossa nomeação só ocorreu em 3 de junho de 1962, porque os assessores do governador do estado, pensando que o cargo fosse remunerado, enviaram nossos nomes ao DASP. O Governador Carvalho Pinto não homologou a posse – estávamos em período de contenção de despesas. Mas, em uma das suas breves ausências, fê-lo um seu substituto.
Pois bem, no dia da posse, 20 de julho de 1962, conversei com os demais companheiros e lancei a idéia de uma congregação que nos unisse. A seguir mantendo contactos telefônicos, consegui marcar uma reunião para setembro do mesmo ano, no Instituto de Cultura Japonesa, graças ao Prof. Santana. De onze a treze pessoas compareceram. Formamos, então, o chamando Grupo de Iniciativa; constituímos o primeiro fundo caixa, cada um contribuindo com 500 cruzeiros-velhos. Foi formado o comitê de Organização da Assembléia, para preparar os Estatutos, fazer contactos e, foi criada a sigla ATPIESP.
A idéia de fundar uma entidade de classe foi fruto de experiências anteriores. Eu possuía bastante prática por haver trabalhado com sindicatos na Europa. Assim, entregaram-me a presidência do comitê, composto por: José Santana do Carmo, vice-presidente; Gustavo O. Lohnefink, secretário geral; Edel Helga Ehlers, 1ª secretária; Yolanda Racquer, 2ª secretária; Mário Pestana Moreira, 1º Tesoureiro; Fernando Galvez, 2º Tesoureiro; e os colegas Francisco Lacerda, Tuyoci Ohara, Alvaro Klein e Jorge Paios, Assistentes Jurídicos. Saímos em campo e, devo dizer que foi uma luta árdua. Houve muitas recusas. Encontramos a classe refratária à união e de difícil entrosamento. Contudo, conseguimos arrebanhar a metade dos Tradutores Públicos de São Paulo. O primeiro êxito após 40 anos: os colegas começavam a conviver.
No dia 23 de março do ano de 1963, no salão da antiga Fundação Cásper Libero, realizou-se a Assembléia Constituinte e a primeira Diretoria foi eleita por aclamação, com o Túlio Catunda como seu representante na Baixada Santista.
Na época a gestão era de apenas um ano. A partir de 1969 ela passou a ser de 2 anos. Fizemos muita propaganda. Fomos entrevistados pela revista Fatos e Fotos, pelo jornal “A Gazeta” e por um dos periódicos dos Diários Associados. Houve um bom trabalho de equipe e inúmeros colegas juntaram-se a nós. Todos recebiam a carteirinha de sócio-fundador. Mantivemos também um relacionamento bom com a Junta Comercial através de seu Diretor, Prof. Arnaldo Martins, e do Chefe de Fiscalização, Ataliba de Souza Pinto. Solicitamos o reajuste da nossa Tabela em maio de 1963, para um mínimo de 750 cruzeiros. Esse reajuste foi-nos concedido em setembro de 1964, quando de minha segunda gestão. Sim, porque nas eleições de março de 1964 fui reeleito presidente, e comigo estavam os colegas Túlio Catunda, Paulo Leopoldo Guerra, Clotilde Izabel Vranjec, Esther de Almeida Santana, e antigos diretores que faziam parte do Conselho Fiscal.
A 27 de março de 65 foi eleita a terceira Diretoria. Uma das vitórias da entidade foi o seu reconhecimento – graças ao trabalho do Lohnefink – pelo IAPC [Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários] que até então se recusara a receber nossas contribuições. A luta pela modificação da legislação referente ao ofício de Tradutor Público que é arcaica e obsoleta foi uma das lutas que ainda continua válida. Na oportunidade, a pedido da co-irmã ATPIERJe do Ministério da Indústria e Comércio. Durante seis meses em reuniões quase que semanais, elaboramos modificações que encaminhamos, com os devidos esclarecimentos. Não houve a menor resposta. Uma segunda tentativa foi feita de 1969 a 1971, na gestão de Santana, também sem êxito. Essa é uma das coisas que não podem, nem devem ser abandonadas. E necessário conclamar companheiros dos outros Estados e pleitear a reforma da legislação vigente.